Na área de reprodução bovina, as perdas geradas por doenças, podem causar sérios prejuízos ao produtor e a fazenda. Uma dessas patologias é a brucelose bovina, de origem infecto-contagiosa. O problema, que também pode afetar humanos, é uma das principais causas de abortos e outras infecções no rebanho.
Um dos principais problemas de doenças, tais como a brucelose em bovinos, é que, na maioria dos casos, quando são descobertos, já houve uma perda significativa no rebanho. Portanto, é essencial que o médico veterinário esteja apto para fazer a sua identificação precoce, minimizando os danos.
Neste artigo, vamos detalhar o que é a brucelose, quais são as suas formas de contágio, como é transmitida para os humanos e ainda, as principais formas de prevenção. Confira!
O que é brucelose bovina?
A brucelose bovina é uma doença infecto-contagiosa que é provocada por bactérias do gênero Brucella. Esse gênero é composto por seis espécies mas, no caso dos bovinos, a contaminação é feita pela Brucella abortus. A doença é considerada uma zoonose pois pode ser transmitida para o ser humano.
A contaminação dos animais acontecem a partir do contato com outros animais infectados ou restos de tecidos, tais como fetos abortados, placenta descartada ou mesmo o corrimento secretado pela vaca. Também pode ocorrer pela ingestão de pastagem contaminada pela urina de bovinos doentes.
As principais consequências dessa patologias no gado, especialmente o rebanho leiteiro, são abortos recorrentes, repetições de cio, nascimento prematuro e na produção de leite. É como estarem associados à brucelose, outras infecções.
Nos machos observa-se orquite unilateral ou bilateral, epididimite, vesiculite e infertilidade. Além disso, é comum a presença de pus, fibrose ou necrose nos órgãos reprodutivos. Em caso de animais reprodutores, é ideal fazer o exame andrológico para verificar a presença da doença.
Quanto aos bezerros, aqueles que não adquirem a doença via intra-uterina, ao ingerir leite de vacas doentes, poderão infectar-se. Estes animais só manifestarão sintomas de brucelose na fase da maturidade sexual. Até essa fase, se parecem com animais saudáveis, porém podem se tornar fontes de infecção para o rebanho.
Por ser uma doença crônica, ou seja, de curso longo, os prejuízos econômicos na pecuária são significativos pois levam a queda da insuficiência reprodutiva no rebanho. A brucelose pode ser responsável pela queda de 25% na produção de leite e pela redução de até 15% na produção de bezerros. Além disso, pode levar a queda da reputação da fazenda e do médico veterinário responsável.
Como identificar a doença?
Os principais sinais da brucelose bovina em fêmeas são:
- queda na produção de leite;
- redução da fertilidade;
- nascimento de bezerros enfraquecidos;
- retenção da placenta;
- corrimento vaginal;
- metrites;
- inflamação das articulações
- aborto a partir do sexto mês de gestação.
No caso do aborto é comum que, nas gestações seguintes do animal contaminado, a ocorrência da perda da gestação diminua. No entanto, o animal infectado prossegue eliminando a bactéria e atuando como fonte de contaminação de outros animais por meio das secreções da vulva.
Para além dos sintomas, o diagnóstico da brucelose bovina pode ser feito por meio de alguns da análise de membranas para a detecção do agente, e o tratamento a base de antibióticos. Os métodos mais recomendados são o Teste de Soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o 2-Mercaptoetanol (2-ME). O material utilizado para os dois testes são amostras de soro sanguíneo. Ambos devem ser feitos por um médico veterinário habilitado.
De que forma ocorre a contaminação humana?
A contaminação de seres humanos com a brucelose ocorre a partir do contato da pessoa com as mucosas ou secreções liberadas pelos animais contaminados. Também pode acontecer com a ingestão de leite cru ou de outros produtos lácteos não submetidos ao tratamento térmico adequado, assim como o consumo de carne crua com restos de tecido linfático provenientes dos animais portadores da doença.
Os principais grupos de pessoas suscetíveis à doença são tratadores do gado e médicos veterinários, que além do contato com os animais lidam com a vacina B19, que é patógena ao homem, pesquisadores e técnicos de laboratórios, ao desenvolver a vacina, e pessoas que lidam com a carne ou leite que possam estar contaminados, como febre, sudorese noturna além de dores musculares e articulares. Muitas vezes ela é confundida com gripe recorrente, mas pode, em alguns casos, evoluir para complicações como tromboflebite, espondilite e artrite periférica.
Prevenção da brucelose bovina
As principais formas de prevenção da brucelose bovina são a vacinação das fêmeas e o sacrifício dos animais positivos.
Atualmente existem duas vacinas indicadas para o controle da brucelose: B19 e RB51. A vacina B19 é obrigatória para todas as bezerras com idade entre 3 e 8 meses de idades. Fêmeas vacinas depois dessa idade podem apresentar produção de anticorpos que perdurem e interfiram no diagnóstico da doença após os 24 meses. Ou seja, um animal não infectado poderá apresentar resultado positivo no teste diagnóstico. É importante lembrar que machos não devem receber essa vacina.
A RB51 é semelhante à B19, no entanto, não interfere no diagnóstico da doença. Portanto, é empregada na vacinação estratégica de fêmeas adultas na pecuária leiteira.
Em casos de animais contaminados, o recomendado é encaminhá-lo para o sacrifício a fim de evitar que contamine os demais indivíduos do rebanho.
A brucelose bovina é uma enfermidade séria e, por isso, é fundamental o reconhecimento dos seus sintomas o quanto antes. Assim, conseguirá adotar as medidas necessárias para minimizar os danos causados à propriedade.
Quer saber mais sobre outros aspectos da reprodução bovina? Confira mais detalhes nesse super artigo: Reprodução e produção bovina: aspectos e técnicas fundamentais para ter sucesso na área!