Apesar do nome ser pouco comum entre os tutores, a piometra em cadelas é uma doença frequente. Ela afeta sobretudo os animais com idade superior aos 5 anos, especialmente de raças como Goldem Retriver e Rottweiller. Trata-se de uma doença que, se não for tratada corretamente, pode levar o animal a sérias complicações e até a morte.
No caso da piometra, o melhor é agir de forma preventiva. No entanto, quando o diagnóstico é precoce, as chances de recuperação são bem maiores.
E você sabe como diagnosticar essa doença e recomendar o melhor tratamento? Confira neste artigo, detalhes importantes sobre essa patologia!
O que é a piometra em cadelas?
Basicamente, a piometra em cadelas é uma infecção uterina que ocorre durante o período do cio. Nesse período o útero fica mais exposto e suscetível a ser contaminado por bactérias.
Essas bactérias se alojam no endométrio, que é um tecido mole que reveste as paredes internas do útero. No período do cio, há um aumento dos níveis do hormônio progesterona. Por essa razão, o revestimento do útero da cadela se torna mais espesso, criando condições ideais para a proliferação de bactérias responsáveis pela infecção. A bactéria mais comum nesse tipo de infecção é a Escherichia coli. Tal bactérias se aproveita da abertura do útero do animal durante o período de cio para contaminá-lo.
Vale lembrar que as chances de contágio aumentam na medida em que a cadela passa por diversos cios sem engravidar. Isso acontece pois a camada do endométrio vai se tornando mais espesso e, assim, mais suscetível a infecções.
A piometra em cadelas pode ser de dois tipos:
- Aberta: após dois meses do cio, a cadela apresenta corrimentos vulvares purulentos, é mais fácil de identificar e tratar e representa até 85% dos casos;
- Fechada: a infecção obstrui o colo do útero devido ao surgimento de nódulos no endométrio. Com isso as secreções não podem ser eliminadas e acabam acumulando no interior, deixando a doença ainda mais grave;
Como a doença ocorre?
A piometra em cadelas acontece a partir da alteração metabólica da progesterona, que torna o ambiente suscetível à infecção por bactérias. Quando os níveis desse hormônio estão mais elevados no sangue, as bactérias encontram terreno fértil para atuar. Soma-se a isso o fato de que as defesas do útero diminuem devido a queda do número de glóbulos brancos no período.
De forma resumida, essa atividade hormonal pode levar ao surgimento de cistos na camada interna do útero que, em conjunto com as bactérias, favorece o desenvolvimento da infecção. A situação fica ainda pior quando o organismo do animal responde de forma desordenada à progesterona, gerando um aumento desproporcional do endométrio. Isso é, se não houver gravidez.
A utilização de contraceptivos também favorece o aparecimento da piometra em cadelas. Acima de tudo, devido à presença de hormônios como progestogênios e estrogênios.
Como identificar a doença?
A primeira coisa que deve ser feita para diagnosticar a piometra em cadelas é observar a presença de alguns sintomas. Quando se trata de piometra aberta, o principal sintoma é a ocorrência de secreção purulenta, com um pouco de sangue e fétida na região da vulva. No entanto, podem ocorrer na piometra fechada, os seguintes sintomas:
- falta de fome e letargia, devido a baixa resposta a estímulos;
- aumento da ingestão de líquidos e do volume da urina;
- também pode vir acompanhada de febre e vômitos;
- em estágios mais avançados podem surgir bactérias no sangue ou peritonite (inflamação na membrana interna do abdômen);
- em casos mais graves pode levar à insuficiência renal aguda.
Para realizar o diagnóstico da piometra, é preciso fazer uma anamnese do paciente, exame físico e exames laboratoriais. A ultrassonografia veterinária é um importante aliado nesses casos. Por meio do exame de imagem é possível ver alterações e lesões na cavidade uterina como a piometra, mucometra, endometrite e hiperplasia. Com o efeito doppler, o médico veterinário pode observar o aumento do fluxo sanguíneo na artéria uterina e a diminuição da resistência vascular.
Prevenção e tratamento
Se identificada no início, a piometra pode ser tratada com antibióticos e drenagem uterina. Especialmente se a fêmea possuir um alto valor reprodutivo. O problema é que nem sempre o tratamento medicamentoso é suficiente para rever o quadro. Portanto, na maioria dos casos, o tratamento mais adequado é a intervenção cirúrgica. A ovariohisterectomia é a remoção dos ovários e do útero do animal e, por isso, elimina completamente a doença.
Por ser uma patologia que pode gerar diversas complicações para o animal, é fundamental orientar os tutores quanto a prevenção. Devido ao fato da piometra estar relacionada com a atividade reprodutiva da fêmea, a maneira mais eficaz de prevenir é fazer a castração da cadela assim que ela atingir a idade adequada (por volta dos 6 meses de idade). Além disso, é fundamental evitar o uso de contraceptivos injetáveis, pois eles podem piorar a situação.
Caso o tutor utilize a fêmea como reprodutora, é imprescindível que ele leve o animal para fazer exames periódicos a fim de evitar que qualquer alteração no trato uterino evolua para a piometra em cadelas.
De toda forma, é preciso estar preparado para atender casos de piometra em cadelas, por isso, invista em sua especialização, fazendo uma pós-graduação em diagnóstico por imagem em pequenos animais.
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