A criação de cavalos de alto rendimento passou por um aumento nos últimos anos. Hoje o Brasil já conta com um dos maiores rebanhos do mundo, com mais de 5 milhões de cabeças. No entanto, mais do que quantidade, produtores e médicos veterinários almejam que os potros nascidos tenham características genéticas superiores. Uma das formas de alcançar esse resultado é investindo em biotécnicas reprodutivas como a inseminação artificial em equinos.
A inseminação artificial foi realizada pela primeira vez no século XIV, por um xeique árabe. Tal xeique desejava ter o material genético do garanhão do inimigo para vencer as batalhas. Apesar da técnica ser completamente diferente do que é feito hoje, a tática funcionou e elevou a criação equina a outro patamar.
Hoje a biotécnica é utilizada em todo mundo e conta com recursos avançados. Ademais, apresenta diversas vantagens tanto para o animal quanto para o produtor. Quer saber mais sobre o assunto? Então leia este artigo até o final e descubra!
O que é inseminação artificial em equinos?
Primeiramente, a inseminação artificial em equinos é uma biotécnica reprodutiva cujo objetivo é obter mais potros a partir do depósito do sêmen do garanhão coletado previamente no sistema genital da fêmea. O principal objetivo é realizar a fertilização do óvulo visando obter animais de alto padrão genético e o aumento do número de potros produzidos a partir de um mesmo garanhão.
A IA é bastante utilizada por criadores que desejam o máximo desempenho e eficiência reprodutiva. Para isso, utiliza o material genético de seu próprio macho ou pode adquirir de criadouros cujos os animais possuem as características desejadas.
Como a IA é realizada?
Não há dúvidas de que o sucesso da inseminação artificial em equinos depende da correta execução de todas as etapas. Sem contar que também depende da capacitação do médico veterinário responsável. Por tais razões, conheça os principais passos para a realização da IA!
Colheita do sêmen
Em primeiro lugar, existem alguns métodos de colheita de sêmen de garanhões. Dentre eles os mais comuns são a utilização do preservativo de latex especial, a colheita por manipulação do pênis com auxílio de compressas aquecidas e a vagina artificial, que é o método mais utilizado. Essa vagina artificial simula as condições normais da vaigina de uma égua e está disponível em diversos modelos.
Para dar início a colheita, deve-se fazer a assepsia do pênis do garanhão. A estimulação pode ser feita com uma égua no cio. Assim, na hora que ele montar sobre ela, o veterinário desvia o órgão genital para a vagina artificial. Outra técnica mais utilizada ( e mais segura) é a utilização do manequim, no qual o garanhão realizará monta.
Depois de colhido, o sêmen pode ser utilizado in natura, diluído, diluído e transportado, diluído resfriado e congelado. A escolha depende de onde os animais estão localizados e da técnica escolhida.
Seleção de fêmeas receptoras
Para receber o material de um macho equino, a égua precisa estar no período do cio. Além disso, é preciso que ela passe por um exame ginecológico completo a fim de identificar se apresenta condições favoráveis à recepção do sêmen e à gestação.
A avaliação ginecológica é composta por palpação retal para identificar a presença ou não de folículos, o grau de desenvolvimento folicular e a consistência do útero. Sabendo essas características é possível confirmar em qual fase do ciclo estral o animal se encontra. Também é realizado um exame de ultrassonografia veterinária para o controle folicular e a determinação exata do período mais propício para a inseminação.
Por fim, vale lembrar que cada período do cio da fêmea dura em torno de 5 a 7 dias e a ovulação ocorre no final desse período. Ou seja, quanto mais próximo do final a inseminação for feita, maiores as chances de sucesso.
Deposição do material no sistema genital da fêmea
Normalmente, na inseminação artificial em equinos convencional é feita por via vaginal. Nesse tipo, o médico veterinário com as mãos enluvadas guia uma pipeta até a passagem da cérvix. Desse modo, deposita o material no corpo do útero.
Quando o sêmen está in natura, deve ser utilizado imediatamente no local. Apesar da vantagem de economia de tempo e dinheiro, nessa forma ele pode perder a motilidade rapidamente. É ideal para criadores que já possuem um garanhão em sua propriedade.
Já o sêmen diluído diminui o risco de contaminação bacteriana, melhora a fertilidade e pode ser transportado por curtas distâncias sem necessidade de resfriamento. Porém, precisa ser utilizado em até 48 horas.
O sêmen congelado tem maior durabilidade é o mais utilizado para comercialização pois pode ser enviado, desde que mantida as condições de armazenamento para qualquer lugar. Isso faz com que mais éguas possam ser inseminadas por um garanhão doador ao mesmo tempo. Além disso, facilita o acesso a material genético de animais que são campeões.
Depois da deposição do material, deve se observar se houve fecundação e com isso, se deu início a gestação. Utilizando um ultrassom veterinário, principalmente com doppler, é possível perceber o sucesso da inseminação em até 20 dias após a IA. Caso não tenha tido resultados positivos, a égua retorna ao cio, podendo ser novamente inseminada durante toda a estação de monta.
Quais as vantagens dessa biotécnica reprodutiva?
Agora que você já sabe como é feita a inseminação artificial em equinos, separamos uma lista com as principais vantagens dessa técnica! Confira!
- redução dos riscos de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis;
- aumento dos índices de fertilidade graças ao maior controle sobre o sêmen utilizado e sanidade reprodutiva da fêmea;
- acelera o processo de melhoramento das raças, pois o número de fêmeas fecundadas por um mesmo garanhão é bem maior;
- redução de injúrias para a égua e o garanhão;
- permite a utilização de material genético de garanhões que mesmo lesionados ou impossibilitados de realizar a monta natural, possuem alto padrão genético;
- rápida identificação de problemas reprodutivos.
De uma forma geral, inseminação artificial em equinos é uma técnica altamente vantajosa para produtores e médicos veterinários que buscam pela maior eficiência reprodutiva. No entanto, para obter bons resultados é preciso fazer as avaliações corretamente e dominar a técnica.
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Fonte: Revista científica eletrônica de medicina veterinária
