A perda gestacional em éguas é um problema mais comum na equinocultura do que se imagina. A grande questão é que isso representa um prejuízo significativo para médicos veterinários e produtores. Afinal, foi investido tempo e dinheiro na aplicação de biotécnicas reprodutivas. Além disso, também envolve custos adicionais com a repetição da cobertura ou inseminação em uma mesma estação. E, também, por reduzir o número de potros obtidos em ao longo do ano.
Por essa razão, é essencial conhecer as causas que levam à perda gestacional e monitorar o desenvolvimento do feto e embrião. Dessa forma, é possível identificar problemas em estágio inicial, evitando a perda. Ou ainda, caso já tenha ocorrido, adotar medidas que o problema seja minimizado.
São muitos fatores que levam à égua a interromper a gestação, por isso, separamos e explicamos uma lista com 13 causas mais comuns para as quais você precisa estar preparado. Vamos lá?
1. Endometrite
A endometrite é uma doença considerada uma das principais causas de subfertilidade e infertilidade nos equinos. Ela se caracteriza por ser uma inflamação no endométrio e é mais comum de ocorrer logo após a cobertura. Devido a uma resposta negativa do organismo da fêmea ao sêmen.
Existem éguas que são mais suscetíveis à inflamação endometrial. Mas, de modo geral, o animal precisa ser capaz de eliminar o fluido gerado pela inflamação até 96 horas para que o embrião possa ser capaz de se fixar e desenvolver. Se isso não acontecer, haverá grandes concentrações de prostaglandina. Com isso, o resultado será a luteólise precoce, diminuição de progesterona e consequente perda gestacional em éguas.
2. Fibrose periglandular e cistos uterinos
A fibrose periglandular e os cistos uterinos também são grandes responsáveis pela perda gestacional em éguas, principalmente em idosas. Normalmente a fibrose decorre da falha de fixação do concepto.
Já os cistos são classificados em endometriais e linfáticos. Esses problemas oferecem risco para a gestação quando se tornam muito grandes, impedindo a movimentação do embrião e na fixação da vesícula embrionária.
3. Deficiência de progesterona
Nas éguas, logo após a ovulação há um aumento na progesterona devido a maturação do corpo lúteo primário que continua crescendo até o 35° quando a eCG (Gonadotrofina coriônica equina) começa a ser produzida pelos cálices endometriais.
Nas éguas sua função ainda não está totalmente esclarecida, mas acredita-se que a eCG estimulem a formação de corpos lúteos acessórios, responsáveis por suplementar a produção de progesterona durante a gestação. Em torno do 100º dia de gestação, os corpos lúteos acessórios regridem e a placenta passa a suprir a necessidade de progesterona para manutenção da gestação na égua
É por isso que após a confirmação da gestação, a aplicação dos progestágenos na receptora deve acontecer até o momento em que a unidade feto placentária esteja suficientemente madura e capaz de manter a gestação, com a produção de seus próprios progestágenos.
4. Lactação
Apesar de ser um processo natural, a produção de leite, ou lactação, pode ter influência negativa na implantação do feto. O que acontece é que pode ocorrer uma espécie de competição energética entre a produção de leite e manutenção do embrião.
No entanto, o risco de perda gestacional em éguas está mais ligada à nutrição do animal do que com a lactação especificamente. Afinal, são processos que demandam muita energia.
5. Cobertura no cio do potro
Depois do parto, os animais podem apresentar uma involução uterina. Esse fator faz com que haja um retorno a condição pré parto, ou seja , com manifestações rápidas de cios férteis.
Nesse sentido, o chamado cio do potro é o cio que acontece por volta de 7 dias pós-parto, período em que o organismo do animal ainda não está recuperado para receber outra gestação.
6. Falha no reconhecimento materno da gestação
Quando ocorre a fecundação, o movimento do embrião no útero leva a supressão da liberação cíclica de prostaglandina pelo endométrio, que persiste por 16 ou 17 dias após a ovulação. Além disso, o embrião tem a habilidade de secretar prostaglandinas E2, promovendo contrações peristálticas e relaxamento miométrio.
Nesse caso, a perda gestacional em éguas ocorre quando há uma falha na liberação desses hormônios e consequentemente, o organismo da mãe não reconhece a presença da gestação.
7. Local de implantação da vesícula embrionária
O contato físico realizado entre o embrião e o endométrio, depois da dissolução da zona pelúcida é chamada de implantação da vesícula. Esse processo ocorre por volta dos 30 a 35 após a fecundação.
O problema é que, apesar de raro, essa vesícula pode se implantar em locais pouco comuns do trato reprodutivo. Isso pode fazer com que o concepto não se fixe corretamente ou esteja em um local pouco apropriado para o desenvolvimento.
8. Alterações cromossômicas maternas
Outro fator que pode levar à perda gestacional em éguas são as alterações cromossômicas. Algumas anormalidades como disgenesia gonadal e Síndrome da reversão sexual XY são associadas à falta de atividade cíclica nas éguas. Isso, indiretamente pode levar à perda de prenhez.
9. Estresse
O estresse materno contribui para a diminuição nas concentrações de progesterona, em decorrência do cortisol. Por isso, submeter o animal a situações estressantes, como inserção em um rebanho novo, pode exemplo, pode induzir à falha na gestação.
10. Nutrição
Inegavelmente, na hora de submeter um animal à monta natural ou a inseminação artificial é preciso se certificar de que esteja em condições corporais adequadas. Isso tendo vista que o estado nutricional é essencial para as respostas fisiológicas adequadas. Desse modo, no caso da fêmea equina, uma das primeiras respostas à baixa nutrição é a interrupção da gestação.
11. Leptospirose
A leptospirose é um tipo de zoonose de origem bacteriana. A infecção normalmente ocorre devido ao contato da pele com a urina, fluidos placentários, alimentos contaminados e também pelo sêmen. É importante lembrar que o principal vetor dessa doença são os roedores.
A leptospirose bacteriana pode levar à perda gestacional em éguas sobretudo no terço final da gestação. Nesse caso, a doença é transmitida ao feto pela via placentária. Caso não haja a morte do embrião, ele pode nascer fraco e prematuro e ainda ser fonte de contaminação para o homem e outros animais.
12. Placentite
Um dos principais problemas que comprometem a gestação nos equinos são as infecções decorrentes da obstrução do trato reprodutivo. Desse modo, a contaminação da região é causada pelo fechamento insuficiente da vulva e vestíbulo associado a deficiência da conformação perineal. Além de aumentar as chances de abortamento, a placentite resulta na produção maior de prostaglandinas que atuam contração do miométrio, elevando as chances de parto prematuro.
13. Gestação gemelar
Por fim, a gestação gemelar é uma condição indesejável nos equinos uma vez que, se uma das gestações não for interrompida logo no início, poderá resultar em abortamento tardio.
Quando o médico veterinário nota que houve uma perda gestacional em éguas é importante avaliar imediatamente as causas para poder prevenir novas ocorrências e diminuir o prejuízo para o criador.
A ultrassonografia veterinária deve ser uma aliada na investigação dos fatores que levam à interrupção da gestação. Com esse equipamento é possível observar o desenvolvimento fetal, a saúde dos órgãos reprodutivos. E também identificar rapidamente caso tenha acontecido a morte embrionária. Além disso, o exame de palpação transretal também é indicado para identificação da perda gestacional tardia.
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