A pseudociese é uma condição que afeta animais, principalmente cadelas, não gestantes, especialmente aquelas fêmeas que não foram castradas. Trata-se de uma síndrome em que o animal apresenta sinais de gestação, mesmo quando ela não houve cópula. Ou quando esta não resultou em fecundação.
Por ser muito parecida com a gestação normal, alguns tutores demoram a perceber a ocorrência. Por essa razão, é essencial que o médico veterinário realize os exames e descarte a possibilidade para que possam ser tomadas as medidas necessárias.
Apesar de parecer um problema simples, a pseudociese pode levar a complicações mais sérias para os animais, principalmente quando se repete várias vezes.
Neste artigo vamos falar um pouco mais sobre essa condição, como fazer o diagnóstico e os cuidados recomendados. Confira!
Por que ocorre a pseudociese?
A pseudociese, também conhecida como pseudogestação, lactação nervosa ou falsa gestação é bastante comum em cadelas, devido ao tipo de ciclo reprodutivo. Nas gatas, a ocorrência é menor tendo em vista que a ovulação da fêmea felina ocorre no ato da cópula e, portanto, dificilmente não resulta em gestação.
Na fêmea canina não há uma predisposição genética, racial ou de idade. Normalmente essa condição acontece entre 6 a 14 semanas após o período de estro, principalmente na fase lútea ou de diestro, momento em que a progesterona ainda está predominante.
Fatores de risco
Apesar disso, a pseudociese pode se desenvolver em todos os casos onde há uma exposição à progesterona e, um posterior decréscimo no nível desse hormônio. Os principais casos são:
- após o término de um tratamento com progestágenos (hormônios similares a progesterona);
- durante um tratamento com progestágenos ou antiprogestágenos;
- após um tratamento com prostaglandina;
- três a quatro dias após a realização de uma castração durante o diestro.
Todas essas situações se caracterizam por exposição à progesterona e subseqüente queda desse hormônio.
Características
Essa condição se caracteriza por apresentar algumas mudanças hormonais compatíveis com a prenhez. Como resultado, podemos notar na cadela alterações fisiológicas e psicológicas comuns aos períodos pré, peri e pós-parto.
Isso acontece pois, mesmo que não haja a fertilização, o nível hormonal de animais prenhes e não prenhes é o mesmo. Por essa razão, acredita-se que todas as cadelas apresentam sintomas de falsa gestação. No entanto, apenas algumas manifestam alterações clínicas e psicológicas.
Cadelas intactas costumam apresentar uma fase lútea de dois meses, independente de estar gestante ou não. A prolactina, responsável pela produção de leite e aumento das glândulas mamárias aumenta naturalmente a partir do 30° de gestação. Portanto, em caso de pseudociese, esse hormônio é produzido da mesma maneira.
O desequilíbrio hormonal causado pela pseudociese pode desencadear outras doenças como câncer, endometriose, piometra, mastite, entre outras. A produção de leite e o aumento das mamas gera infecções graves, pois sem a presença de filhotes, o leite pode empedrar ou ser absorvido pelo organismo do animal. O sistema reprodutor passa por alterações que favorecem o surgimento de tumores e infecções.
Também há o risco de danos comportamentais. A cadela com gravidez psicológica pode desenvolver depressão e se tornar agressiva.
Como identificar a condição?
na gestação verdadeira, o comportamento da mãe retorna ao normal 4 a 8 semanas após o parto, quando a amamentação termina. Na pseudogestação, o comportamento tende a ser mesmo. Os sintomas tendem a desaparecer também, em até 8 semanas, quando o nível de progesterona estará mais baixo. Isso, se não houver complicações relacionadas ao quadro.
Os principais sintomas dessa condição são:
- comportamentos pré, peri e pós-parto;
- preparação de “ninho” para o parto;
- adoção de objetos inanimados ou de filhotes de outras fêmeas (até de outras espécies), com excessivo carinho, atenção, proteção e defesa;
- lambedura do abdômen, sobretudo na região das mamas;
- secreção vaginal serosa;
- agressividade;
- distensão mamária;
- produção e secreção láctea;
- ganho de peso e ou anorexia.
Mas, não podem ser descartados sinais clínicos como emese, distensões e contrações abdominais, diarreia e polifagia.
O diagnóstico pode ser feito baseado no histórico, sinais clínicos e comportamentais logo após o período do cio. Além disso, a ultrassonografia veterinária é essencial para descartar a presença de fetos na barriga da fêmea.
Quando há a presença de secreção vaginal é importante fazer uma citologia do líquido expelido. Com isso, pode-se identificar possíveis infecções ou fase do ciclo reprodutivo.
Cuidados e tratamentos recomendados
Quando há inflamação nas mamas – mastite -, o ideal é prosseguir com o tratamento para reduzir o problema. Normalmente é feito com a administração de antibióticos mas, dependendo do nível, pode ser necessária uma cirurgia.
É importante orientar os tutores quanto a observação da cadela, pois deve-se evitar que o animal lamba as mamas em excesso. Afinal, esse comportamento estimula a produção de leite.
O tutor também poderá distrair o animal, proporcionando outras atividades, como brincadeiras ou um passeio prolongado.
Uma das formas mais eficazes de tratar e prevenir a gravidez psicológica em cadelas é realizar a castração do animal. O procedimento cirúrgico reduz a produção de hormônios fundamentais para o desencadeamento da gravidez psicológica em cães. A castração é indicada tanto para animais que já tiveram a pseudociese quanto para fêmeas que nunca estiveram nessa condição.
Agora que você já sabe as causas da pseudociese e das consequências, veja nosso artigo sobre Diagnóstico gestacional precoce em pequenos animais!
Fonte: Jornada de conhecimento Tecsa e Affinity Pet Care
