A endometrite em éguas é uma inflamação, que pode ser aguda ou crônica, no endométrio desse animal. Ela pode ter causas diversas e levar as éguas à subfertilidade ou a infertilidade total.
Alguns animais são mais suscetíveis a essa condição devido à sua anatomia, idade ou histórico reprodutivo. É um problema relativamente comum e, portanto, médicos veterinários e criadores precisam estar atentos para diagnosticar o quanto antes e iniciar o tratamento. O trabalho de prevenção também é importante para evitar prejuízos com a perda da estação de monta.
Para conhecer um pouco mais sobre essa patologia, sinais comuns e diagnósticos, continue a leitura desse artigo!
Endometrite em éguas: entenda o problema
O útero da fêmea equina possui um mecanismo que reage de maneira rápida logo após entrar em contato com sêmen. Para isso, produz uma quantidade significativa de neutrófilos, identificados pelo útero até 30 minutos após o contato. Essa é uma resposta natural e objetiva a eliminação do excesso de espermatozoides.
Essa inflamação gerada precisa ser eliminada pela égua em até 96 horas após a fertilização. Isso porque o embrião chegará ao lúmen a partir do 5° e a presença de fluido, bactérias e pode prejudicar o transporte espermático e a fertilização e pode ser incompatível com a sua sobrevivência.
Caso a inflamação persista, será instalado um quadro de endometrite que resultará na luteólise prematura e consequentemente a perda embrionária.
Assim, as éguas podem ser divididas em dois grandes grupos: as que são suscetíveis e as éguas resistentes, de acordo com a capacidade dos neutrófilos fagocitarem os agentes bacterianos de sua musculatura. Mecanismos de defesa físicos, celulares e humorais estão envolvidos na resistência contra a inflamação uterina persistente na égua.
Entretanto, as falhas dos mecanismos de defesa promovem aderência de bactérias à mucosa uterina, levando uma infecção bacteriana e à persistência da inflamação por danificar a integridade da barreira mucosa.
Tipos de endometrite em éguas
As inflamações do endométrio nas fêmeas equinas podem ser classificadas de acordo com a sua etiologia e sua fisiologia. No entanto, o animal pode apresentar mais de um tipo ao longo da vida. Com isso, os principais tipos da doença são:
- endometrite persistente pós-cobertura;
- endometrite por doenças sexualmente transmissíveis;
- endometrite crônica;
- endometrite crônica degenerativa ou endometriose
Principais causas do problema
Podemos dizer que alguns fatores fazem com que as éguas se tornem mais predispostas a infecções uterinas. Eles podem incluir elementos como um longo período de cio, cérvice que é fraca como barreira, possibilitando a contaminação bacteriana. E, também, ejaculação intra-uterina durante a cópula.
Existem também outros fatores de grande importância que são:
- conformação perineal, já que alterações nessa região interferem diretamente nas barreiras protetoras que separam o ambiente uterino do meio exterior
- idade da égua uma vez que animais mais velhos são mais propensas a infecções ascendentes e endometrites;
- posição do útero, que pode afetar a capacidade da égua em eliminar rapidamente os contaminantes do lúmen uterino.
Sinais e diagnóstico
É muito difícil afirmar que uma égua está com endometrite sem a realização de um diagnóstico completo. Isso porque, a infertilidade é um sinal comum a várias patologias.
É preciso observar alguns sinais clínicos como secreções pela comissura ventral vulvar e aumento de volume. Mas, também não são raros os casos em que não há nenhum sinal aparente. Nesse caso, as principais manifestações são o retorno ao cio e perda embrionária.
A seguir, falaremos sobre cada uma das etapas de diagnóstico da endometrite em éguas!
Avaliação do histórico
O médico veterinário deve observar o histórico da égua com atenção ao número de temporadas que permanece vazia, mesmo exposta ao garanhão. Além disso, esses dados devem ser cruzadas com a idade do animal.
Inspeção
Na inspeção deve-se observar a conformação perineal e ter atenção com a pneumovagina, pois é um indício de inflamações do útero. A alteração pode ser percebida pelo som do ar penetrando o trato genital em movimento.
Palpação Retal
A endometrite se se restringe, basicamente, ao endométrio, por isso, a palpação retal da parede uterina tem pouco valor de considerada de forma isolada. No entanto, ao avaliarmos em conjunto com a ultrassonografia, é possível ver acúmulo de fluido intraluminal ou cistos endometriais e o tônus uterino.
Ultrassonografia
Permite detectar anormalidades uterinas tais como: presença de ar, presença de líquido (secreção inflamatória; cistos; neoplasias; função e anormalidades ovarianas. A ultrassonografia possibilita ainda a visualização de alterações que não são detectadas quando se utiliza apenas palpação retal.
Vaginoscopia
É útil para auxiliar na identificação do estágio do ciclo estral, alterações patológicas e variações anatômicas. Alterações inflamatórias como hiperemia da mucosa, presença de exsudato, podem ser observados.
Exames citológicos e biópsias
Outros exames complementam o diagnóstico pois investigam a composição dos fluidos e estruturas uterinas. São eles:
- citologia endometrial;
- cultura bacteriológica;
- biopsia endometrial.
Tratamentos recomendados
O tratamento para endometrite em éguas irá depender de uma série de fatores. A idade da égua, natureza e extensão da infecção, agente etiológico e comprometimento degenerativo do endométrio devem ser levados em conta.
Para eliminar os fatores predisponentes e evitar a contaminação, deve ser iniciada uma terapia intra-uterina. Já a lavagem uterina é empregada como forma de promover a limpeza física do endométrio e facilitar a ação de medicamentos. Por fim, a utilização de antibióticos pode ser indicada de acordo com o grau de infecção.
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