O diagnóstico gestacional precoce é uma maneira crucial de prevenir alguns problemas relativos a prenhez do animal. Uma dessas situações é o aborto em cadelas. Estima-se que entre 20 e 30% das cadelas não castradas enfrentará o problema pelo menos uma vez ao longo da vida.
A questão, no entanto, é que, mais do que a perda dos filhotes em si, esse problema pode causar perdas financeiras e emocionais para tutores, além de comprometer a saúde da fêmea canina.
Portanto, nesses casos é fundamental fazer o diagnóstico o quanto antes para evitar outras complicações. Para saber mais sobre esse assunto, continue a leitura desse artigo! Aqui vamos falar sobre as causas mais comuns, identificação do problema e possíveis tratamentos. Confira!
Como ocorre o aborto em cadelas?
As fêmeas prenhes necessitam de cuidados especiais durante essa fase, tais como alimentação adequada e acompanhamento gestacional. Mesmo assim, alguns problemas podem surgir, causando o aborto em cadelas ou morte prematura do filhote, logo após o nascimento. Em ambos casos, é preciso ter atenção quanto a saúde do animal.
O aborto em cadelas pode ser entendido como a descontinuação da prenhez, podendo haver expulsão do feto ou não.
Entretanto, antes de conhecermos as causas desse problema, é preciso ter atenção quanto às fases da gestação. A fase da implantação ocorre, quando é considerado um zigoto, acontece por volta dos 17 dias. Em seguida, a fase que se estende até a organogênese, ou seja,a formação dos órgãos. Aqui é chamada de embrião. Esse período vai até aproximadamente 35 dias. Por fim, até o nascimento, o organismo é considerado feto.
Portanto, quando a perda se dá antes do nascimento, se chama aborto. Mas, casos de natimorto, em que o indivíduo nasce morto, mortificado ou a morte de fetos completamente desenvolvidos, também podem ocorrer. Outro problema recorrente é a morte neonatal, que é quando o filhote nasce vivo e morre no período denominado neonato (até 7 dias após o parto).
Quais são as principais causas?
As causas para o aborto em cadelas, natimorto e morte neonatal podem ser variadas. Basicamente existem duas etiologias: infecciosas e não infecciosas. Veja mais sobre cada uma delas a seguir!
Causas infecciosas
As causas de perda de gestação por problemas infecciosos engloba doenças bacterianas e a brucelose. Elas podem ser ingeridas por inalação oral ( água e alimentos contaminados) ou contato sexual. Ambos os casos são mais frequentes em animais que vivem em áreas de risco, como fazendas, por exemplo.
Essas bactérias se alojam no útero e podem levar ao aborto entre 30 e 57 dias de gestação. Quando ocorre nos primeiros dias, pode haver a reabsorção embrionária, aumentando o risco de morte da fêmea.
Já a segunda maior causa de aborto em cadelas são os estreptococos. Apesar de no Brasil haver um rígido controle dessa bactéria, ela pode levar a descarga vaginal, infertilidade, aborto, morte neonatal, vaginite ou mastite. Outro caso semelhante é a leptospirose que, mesmo bem controlada, também pode resultar em aborto, natimorto ou icterícia.
Causas não-infecciosas
Aqui temos diversas causas que levam ao aborto em cadelas e que nem sempre estão associadas a doenças.
Durante a gestação e no momento do parto, podem ocorrer traumas, como acidentes com a cadela, esmagamento dos filhotes, avulsão do cordão umbilical, dentre outros. Essas ocorrências podem estar ligadas a alterações comportamentais e estão ligados a estresse e ambientes inadequados.
O estresse também pode fazer com que as cadelas abandonem o ninho ou neguem aleitamento e aquecimento dos filhotes, causando a morte neonatal por hipotermia, hipoglicemia e desidratação.
Outro fator de risco é a alimentação inadequada da fêmea canina uma vez que carências ou excessos nutricionais podem resultar em malformações fetais ou morte embrionária. O mesmo pode ocorrer com o uso de medicamentos já que alguns compostos podem estimular a perda da cria.
Diagnóstico e tratamento
Para identificar um caso de aborto em cadelas é preciso ficar atento aos primeiros sinais, que são:
- a mudança de comportamento da cadela
- falta de apetite;
- contrações da barriga
- corrimento vaginal sanguinolento, escuro ou de cheiro forte e ruim.
Como esses sintomas são comuns a outras doenças, é preciso realizar uma ultrassonografia para observar o movimento dos filhotes no útero da mãe e escutar se há batimentos cardíacos. Já o exame de raio-x pode indicar a presença de gases, que não são comuns ao período gestacional.
Ao perceber que ocorreu a perda de um ou mais fetos, o médico veterinário precisa decidir se será feita a cirurgia ou a prescrição de medicamentos para a expulsão do material de dentro do corpo da mãe.
Quando ocorre um aborto em cadelas, ou morte neonatal, é preciso investigar as causas e, se preciso fazer a castração e remoção do útero. Isso porque há grandes chances do problema se repetir em outras gestações.
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Fonte: Revista Brasileira de Reprodução Animal e Revista Cães e Gatos