A avaliação ultrassonográfica vascular em pequenos animais é extremamente útil para observar diversas doenças e anormalidades que afetam o sistema vascular e podem colocar a vida dos animais em risco.
Como o sistema vascular é fundamental para o bom funcionamento do corpo, ele demanda cuidados e acompanhamento para garantir que tudo está correndo bem. Mas, afinal, o que são, pra que servem e quais os tipos de exame de ultrassonografia vascular?
Continue a leitura até o final e fique por dentro desse assunto altamente relevante na medicina veterinária.
Sistema vascular
Primeiramente é importante esclarecer que o sistema vascular, ou circulatório, é constituído pelos vasos que transportam sangue e fluído linfático através do corpo.
O sistema vascular faz parte do sistema cardiovascular, que também inclui o arterial. Este é responsável por transportar sangue oxigenado via artérias e capilares do coração para todas as partes do corpo. Já o vascular (venoso), por transportar o sangue pobre em oxigênio pelas veias de volta ao coração.
Assim, à medida que o sangue percorre todo o corpo, ele entra em vasos sanguíneos cada vez menores e alcança todas as células, distribuindo nutrientes e recolhendo resíduos e dióxido de carbono. Na volta do sangue ele entra nas veias maiores, passando pelos rins e fígado para deixar os resíduos e depois volta para o lado direito do coração onde tudo começa novamente.
A doença vascular, é então, aquela que afeta o fluxo sanguíneo podendo bloquear ou enfraquecer os vasos ou ainda danificar as válvulas encontradas nas veias.
Ultrassonografia para avaliação vascular em pequenos animais
A avaliação vascular em pequenos animais com auxílio da ultrassonografia é capaz de fornecer informações valiosas sobre a arquitetura vascular e os parâmetros hemodinâmicos dos vasos, o que permite determinar a direção e tipo de fluxo sanguíneo.
Independente do exame, o médico precisa saber diferenciar ecos representativos de artefatos que podem ocorrer com frequência. Deve ainda possuir conhecimento detalhado das anatomias topográfica e vascular, além dos aspectos de imagem dos parâmetros de normalidade e das alterações que podem ocorrer.
Sabendo disso, os principais exames são:
Ultrassonografia em Modo B
A ultrassonografia bidimensional, ou simplesmente em modo B, permite avaliar o diâmetro dos vasos. Com ele os vasos podem ser observados no plano longitudinal e no plano transversal.
O modo B permite:
- Detectar vasos localizados em locais anormais como shunts;
- Observar se há espessamento da parede do vaso;
- Identificar estruturas anormais intraluminais ou perivasculares, como tumores ou trombos hiperecogênicos.
Ultrassonografia Doppler
A ultrassonografia Doppler é uma técnica relativamente nova que vem passando por constante evolução, mas ainda é pouco difundida na medicina veterinária. De modo geral, ela permite realizar a análise da presença, direção e velocidade do fluxo sanguíneo em vasos e órgãos, por meio da análise do som emitido, das ondas espectrais de velocidade e do mapeamento colorido.
Existem diversos modos dessa exibição, entre os principais:
Doppler Contínuo
O doppler contínuo permite captar fluxos sanguíneos de qualquer velocidade, até mesmo as mais elevadas, ao longo do feixe ultrassônico. Porém, não possibilita discriminar movimentos provenientes de várias profundidades. Isso pode impossibilitar a determinação específica da fonte do sinal detectado.
A interpretação do exame é realizada através dos padrões de som emitidos pelos vasos e por gráficos que representam os traçados das curvas de velocidade.
É muito útil na cardiologia para determinação da gravidade da insuficiência valvar e de altas velocidades dos fluxos distais às lesões estenóticas. Pode ser utilizado no leito intra-operatório, para confirmar a presença de fluxo em vasos superficiais, ou o em angiologia para avaliação de vasos sanguíneos superficiais e identificação de alterações venosas ou arteriais.
Doppler Espectral ou Pulsado
O modo doppler espectral ou pulsado, permite verificar as mudanças de velocidade vasculares a cada ciclo cardíaco, gerando informações vasculares qualitativas e quantitativas em forma de gráfico. Nele o som é transmitido em pulsos, e as imagens em tempo real. Por isso, os sinais resultantes são apresentados de forma audível e em gráficos simultaneamente.
É útil para estudar uma parte pequena e específica, para aferição das velocidades e pressão dos fluxos, na identificação e quantificação de regurgitações valvares, em análises da função diastólica dos ventrículos e na identificação de falhas em comunicações interatriais, interventriculares e interarteriais.
Doppler Colorido
A ultrassonografia com doppler colorido pode determinar a presença ou ausência de fluxo no vaso com mapeamentos coloridos.
Nesse modo a informação sobre fluxo é exibida como um aspecto na própria imagem, em sobreposição à imagem em tempo real do modo B. A velocidade relativa das hemácias em movimento é indicada pelo grau de saturação da cor.
No lugar dos tons de cinza do modo B, no doppler colorido cada ponto móvel tem uma tonalidade de vermelho ou azul. O movimento do fluxo sanguíneo que se desloca em direção ao transdutor aparece em vermelho e o em direção contrária em azul. Já a variação entre esses dois valores é mostrada em verde e indica turbulência.
O doppler colorido permite avaliar a presença, direção e qualidade do fluxo sanguíneo mais rapidamente do que qualquer outra técnica não-invasiva.
Como realizar o exame?
A ultrassonografia vem sendo muito utilizada para realizar essa avaliação por ser uma técnica não invasiva, indolor, portátil, que não emprega o uso de radiação e por permitir a avaliação da hemodinâmica em tempo real e a medida de índices hemodinâmicos. E tudo isso com muito mais agilidade e segurança. Mesmo assim, a angiografia continua sendo o exame mais utilizado nesses casos.
Por mais que a ultrassonografia pode auxiliar na avaliação vascular em pequenos animais, para sua utilização adequada é fundamental o amplo conhecimento dos fundamentos físicos da técnica para a interpretação adequada das imagens e resultados. Por isso, é extremamente importante procurar por médicos veterinários que dominem a técnica para garantir a eficácia do diagnóstico.
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Fontes:UFRGS, UFG, CPT Cursos Presenciais.