Cólica equina: o que é e como diagnosticar com a ultrassonografia?

A cólica equina é um dos principais problemas que afetam a qualidade de vida e o rendimento desses animais. Pode, inclusive, levar à morte se não tratada logo. E o pior, ela pode ter causas variadas, o que prejudica o seu rápido diagnóstico e, consequentemente, a qualidade de vida desses animais. 

Inegavelmente, uma das principais alternativas para identificar a ocorrência da cólica em equinos e minimizar os transtornos causados aos animais é a utilização do ultrassom veterinário para visualização de estruturas internas do sistema digestivo dos animais.

Ficou interessado no assunto? Neste artigo vamos explicar melhor por que ocorre a cólica e de que forma a ultrassonografia pode ser uma aliada no correto diagnóstico da patologia.Gostou da ideia? Então continue a leitura!

O que é cólica equina?

A cólica equino é um termo utilizado para descrever a dor de origem abdominal, na maior parte dos casos ocasionada por distúrbios digestivos, e em menor escala devido a distúrbios em outros órgãos da cavidade abdominal. Trata-se de um dos principais casos na rotina da clínica equina.

A cólica em equinos é uma doença grave que, se não tratada logo, pode prejudicar o desempenho animal e até mesmo levar à morte. O problema também é conhecido como abdômen agudo e se caracteriza pela dor na barriga. Essa dor pode ser moderada ou intensa.

De modo geral, o cavalo é um animal suscetível por natureza a sofrer com alterações na rotina ambiental ou alimentar. Situações em que existe escassez de água, estresse causado por transporte, alimentação de má qualidade, podem desencadear a cólica equina

Anatomia do sistema digestivo

A cólica equina em geral pode ser estomacal ou intestinal. Entenda mais sobre como cada um desses órgãos funcionam a seguir: 

Estômago

O estômago dos equinos cumpre as funções de armazenar, misturar e digerir o alimento.nesse órgão também ocorrem processos enzimáticos e hidrólise dos alimentos pela ação do suco gástrico. 

Além disso, o estômago dos equinos possui uma capacidade de que varia de 8 a 20 litros, o que representa menos de 10% do trato digestivo. Ou seja, de maneira geral, é um órgão pequeno. Portanto, o mais adequado é que os alimentos sejam oferecidos em pequenas quantidades, porém de forma constante. 

Nesse sentido, a cólica equina de origem estomacal representa cerca de 10% dos casos clínicos atendidos. Assim, costumam ser decorrentes de mudanças na fermentação microbiana ou resultado da perda de motilidade. Vale destacar que o risco de cólica equina aumenta conforme a quantidade de concentrado ingerido. 

Intestino

Ao contrário do estômago, o intestino dos equinos é bastante longo. É nesse órgão que temos a absorção dos nutrientes ingeridos na dieta. Assim, alguns fatores afetam diretamente na digestibilidade dos nutrientes em equinos. Alguns deles são: 

  • mastigação; 
  • presença de parasitas; 
  • velocidade de trânsito da digesta. 

É importante lembrar que essa motilidade intestinal está ligada a quantidade a natureza da fibra contida na dieta. Assim, uma alta quantidade de fibra na dieta poderá aumentar a probabilidade de impactação. O feno de baixa qualidade e baixa digestibilidade predispõe o cavalo à cólica. 

Tipos de cólica

A doença ataca o sistema digestivo (principalmente estômago, intestino, baço) e diversos fatores podem levar à cólica em equinos. Portanto, ela possui diferentes tipos que são:

  • Cólica de impacto: quando ocorre uma obstrução, normalmente no intestino grosso, causado por uma sobrecarga de alimento fibroso que o cavalo não consegue digerir.
  • Colite: é uma inflamação do intestino grosso.
  • Cólica causada por parasitas: quando há alguma obstrução causada por um grande número de parasitas.
  • Deslocamento ou torção gástrica: quando o intestino desloca-se para uma posição anormal do abdômen, podendo muitas vezes torcer.
  • Cólica por gases: ocorre mais frequentemente no intestino grosso, devido ao estiramento do intestino, que leva à dor abdominal.
  • Cólica por espasmos ou espasmódica: acontece quando há contrações intestinais aumentada, contrações peristálticas e alteradas no intervalo gastrointestinal do cavalo. Mas, esse tipo de cólica ocorre devido ao acúmulo de gases no aparelho digestivo do cavalo.

Diagnóstico com ultrassonografia veterinária

Por ser uma doença que pode levar o cavalo ao óbito, o diagnóstico preciso da cólica equina deve ser realizado rapidamente. Dessa forma, é necessário que o médico veterinário conheça os sinais, histórico do cavalo e as mudanças recentes no manejo alimentar.

Sinais

Dessa forma, a dor abdominal causada pela cólica é a principal característica da doença o que leva o animal a apresentar diversos sintomas, dentre eles se destacam:

  • Inquietação
  • Sudorese
  • Patear o chão
  • Alterações na postura (exemplo: esticar as patas)
  • Deitar e rolar
  • Aumento na frequência do pulso e da respiração

Por tal razão, é preciso que o médico veterinário fique atento ao comportamento do animal e, caso perceba algo estranho, realizar os exames necessários.

Diagnóstico

Para que se possa chegar ao diagnóstico da cólica equina, devem ser avaliados vários parâmetros como: 

  • grau de dor; 
  • distensão abdominal; 
  • frequência cardíaca, respiratória e características do pulso; 
  • coloração das membranas mucosas; 
  • tempo de preenchimento capilar; 
  • temperatura retal; 
  • motilidade gastrointestinal; 
  • refluxo gástrico; 
  • achados à palpação retal; 
  • hematócrito; 
  • concentração plasmática de proteínas totais; 
  • concentração plasmática de fibrinogênio; 
  • contagem de leucócitos; quantificação eletrolítica; análise de gases sanguíneos; quantificação das enzimas séricas; 
  • concentração de lactato plasmático; 
  • características do fluido peritoneal; 
  • achados ecográficos, radiográficos, à endoscopia, à laparoscopia; 
  • e análise fecal. 

Ultrassonografia transabdominal

A partir da complexidade dos sintomas a ultrassonografia apresenta funções importantes para a avaliação do abdome equino. Com essa técnica é possível observar a evolução do quadro clínico do animal pois distingue  diferentes tecidos da cavidade por diferenças em sua ecogenicidade. Sem contar que a interpretação desses dados é imediata, o que é crucial em caso de emergências. 

A ultrassonografia transabdominal em equinos permite avaliar diferentes regiões do trato gastrointestinal desde que o médico veterinário tenha conhecimento da sua topografia, tamanho, características anatômicas, conteúdos luminais e motilidade. 

Além disso, a frequência, a amplitude e a velocidade das contrações peristálticas que causam a cólica também podem ser avaliadas pelo modo B, modo M e doppler. 

Apesar de a ultrassonografia ter algumas limitações tais como amplitude do abdome equino, que impossibilita uma análise completa, ainda assim é um dos métodos mais eficazes para diagnosticar cólica equina. 

AS imagens ultrassonográficas fornecem diversas informações que não podem ser obtidas a partir de outros métodos. Algumas delas são: 

  •  a presença ou ausência de motilidade; 
  • avaliação das paredes intestinais quanto à presença de espessamento ou não;
  •  análise qualitativa e quantitativa do líquido peritoneal; 
  • avaliação do conteúdo presente nas diferentes porções do trato gastrointestinal; além de permitir o acesso a partes do abdômen que são inacessíveis por outros métodos, como a palpação retal. 

Portanto, acredita-se que o exame ultrassonográfico é mais seguro quando comparado à palpação retal, e mais preciso na detecção de obstruções com estrangulamento do intestino delgado . Consequentemente, mais informações diagnósticas podem ser obtidas no início do curso da doença, resultando em uma intervenção terapêutica e cirúrgica mais precoce. 

Tratamentos indicados

Em primeiro lugar, o tratamento para a cólica em equinos vai depender do tipo e da natureza do problema mas, em grande parte, os casos são clínicos. Portanto, podem ser solucionados com o auxílio de medicamentos ou, em casos mais agudos, pode ser indicada a cirurgia.

Por essa razão, é imprescindível uma avaliação criteriosa do médico veterinário. Em todo caso, o mais indicado é investir na prevenção da cólica em equinos. Isso pode ser feito com  o manejo nutricional adequado e o cuidado com os dentes.

Gostou de saber mais sobre a utilização do ultrassom veterinário no diagnóstico de cólica equina? Então conheça o nosso Guia Digital com as principais aplicações da ultrassonografia em equinos:

Fonte: CPT Cursos Presenciais e Universidade Federal do Paraná

Equinos, Ultrassom

Atualizado em: 27 de abril de 2023