As doenças reprodutivas em bovinos são, em sua maioria, causadas por infecções. Elas ocorrem devido a presença de micro-organismos como bactérias, vírus e protozoários. Esses agentes conseguem infectar o trato reprodutivo, levando à consequências para a fêmea bovina e ao feto. Muitas vezes, resultando em aborto.
E, na criação de bovinos, tanto de corte como de leite, a rentabilidade do negócio depende da eficiência reprodutiva. A eficiência consiste na obtenção do maior número de bezerros com menor intervalo entre os partos. Portanto, as doenças no trato reprodutivo desses animais podem levar ao produtor a perdas financeiras significativas.
Por essa razão, médicos veterinários que atuam na reprodução bovina precisam estar atentos quanto ao surgimento desses problemas. Além de adotar medidas de prevenção e combate.
Quer saber mais sobre esse assunto? Então continue a leitura! Aqui vamos tratar das causas e das principais doenças reprodutivas nos bovinos. Confira!
Por que se preocupar com as doenças reprodutivas em bovinos?
A produção de animais de corte e a criação de gado de leite exige alguns parâmetros de saúde. E um dos principais pilares no manejo adequado deve ser uma constante vigilância epidemiológica. Tanto para doenças de caráter endêmico, como epidêmico. E também infecções emergentes e até mesmo para as mais raras para uma determinada região.
Isso porque, algumas infecções, além de prejudicar a criação dos animais, também são consideradas zoonoses, podendo afetar humanos e outros animais. Mais do que isso, algumas dessas patologias ainda trazem consequências para o comércio internacional de produtos e subprodutos de origem animal, colocando em risco as exportações.
Infecções ocasionadas por bactérias e vírus podem comprometer tanto o trato reprodutivo da fêmea e do macho bovino quanto o concepto em qualquer uma das suas fases de desenvolvimento. Vale destacar que as doenças comuns em fêmeas prejudicam diretamente a saúde do feto, podendo levar ao seu abortamento.
Endometrites, ooforites, vulvovaginites, assim como balanopostite, são as consequências mais comuns ocasionadas por infecções do trato reprodutivo bovino. Outras possíveis formas de apresentação clínica em decorrência de infecções do trato reprodutivo são de menor frequência porém, são passíveis de ocorrerem.
A interação entre os aspectos sanitários e a eficiência reprodutiva em bovinos é de grande importância. Os diferentes agentes infecciosos podem afetar a reprodução das fêmeas e dos machos de diferentes formas:
• Altera a qualidade e quantidade dos gametas;
• Dificulta ou impedindo a fecundação;
• Altera o ambiente ideal para desenvolvimento do embrião;
• Provoca morte embrionária ou fetal, dependendo da fase da gestação.
Tudo isso pode refletir em sinais clínicos, como falha de fertilidade, evidenciada por maior número de serviços por concepção, ou seja, aumento na repetição de serviços; perdas de gestação em diferentes períodos; e problemas ao parto ou após o mesmo.
Principais patologias do trato reprodutivo
Confira a seguir as principais doenças que afetam o rebanho no Brasil!
Leptospirose Bovina – Bacteriana
A leptospirose bovina de origem bacteriana é uma doença bastante comum no território nacional. Ela é mais frequente em locais mais úmidos ou períodos em que a umidade do ar está mais elevada. Essa doença afeta o trato reprodutivo, provocando problemas como abortamento, natimorto ou nascimento de bezerros mais fracos.
A leptospirose pode ser transmitida aos animais a partir de secreções ou pelo contato da pele.
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) – Viral
A rinotraqueite infecciosa é uma doença reprodutiva em bovinos causada pelo herpesvírus. Aliás, também pode causar lesões em outras partes do corpo. Ela afeta principalmente animais jovens que passaram pela contaminação materna. Já animais adultos adquirem a IBR a partir da cópula.
O grande problema da rinotraqueite é que o vírus permanece em estado de latência por longos períodos podendo se manifestar quando o animal estiver com a imunidade mais baixa.
Diarréia bovina a vírus (BVD)
A diarreia bovina é provocada por um vírus da família Pestivirus, semelhante ao que causa a peste suína.
Quando o feto é contaminado entre 50 e 120 dias e não morre, ele passa a ser um disseminador do vírus entre o rebanho. Por isso, é importante fazer o exame de sorologia assim que for detectada a suspeita.
Brucelose bacteriana
Essa é uma doença que pode ser transmitida por via oral ou genital que normalmente é pouco diagnosticada mesmo sendo bastante frequente. A brucelose bovina bacteriana é crônica e possui sinais clínicos semelhantes a outras patologias, por isso, nem sempre é identificada.
Uma das principais consequências da brucelose bacteriana pode levar ao aborto, no entanto, quanto mais gestações ela passa, menor o risco de abortamento. O que dificulta ainda mais o diagnóstico. Portanto, é um problema mais visível em fêmeas jovens, nas mais velhas, o resultado são bezerros mais fracos, com baixa vitalidade.
Neosporose – Protozoose
A neosporose é causada por um tipo de protozoário hospedado no cão. É esse animal que transmite a doença para os bovinos. É uma doença que afeta diretamente a eficiência reprodutiva, uma vez que leva a abortos, assim como diminuição da produção de leite e o aumento do descarte de animais.
Campilobacteriose – Bacteriana
A campilobacteriose uma doença que pode atingir tanto machos quanto fêmeas. Nas fêmeas, a campilobacteriose geralmente causa danos nas fases iniciais de gestação. É importante destacar que o Touro é o principal disseminador dessa enfermidade, já que a sua transmissão é realizada via cópula.
Os principais efeitos dessa bactéria no organismo do animal estão relacionados a alteração do ambiente uterino, alterações no desenvolvimento embrionário, dificuldade de implantação, morte e reabsorção embrionária.
Além disso, esses efeitos levam à falhas na fertilidade. Após a contaminação, as bactérias se multiplicam inicialmente na vagina e dentro de duas semanas atingem útero e tubas.
Tricomoníase – Protozoose
Nas fêmeas, a Tricomoníase provoca inflamações na vagina, cérvix e útero. Esse problema pode causar o aborto nas fases iniciais da gestação, ou apenas repetição de cio.
Depois de contaminada, a fêmea elimina o agente por um período de cerca de 8 semanas no muco cervical. Nesse período ela raramente ficará gestante. Nos touros os sintomas, geralmente, não são evidentes. Isso faz com que se torne um portador assintomático e disseminador da doença.
Como lidar com o problema?
De forma geral, abortos são esperados no rebanho até a proporção de 3%. Mais do que isso, pode atrapalhar o planejamento reprodutivo, principalmente no caso de vacas de leite, que precisam produzir um bezerro/ano. Ou seja, o controle é essencial.
Para evitar que as doenças reprodutivas em bovinos virem um problema, é preciso atuar com duas frentes: a prevenção e manejo.
Uma das formas mais eficientes de prevenir as doenças reprodutivas em bovinos é a vacinação que, aliada ao treinamentos dos colaboradores, com resultados bastante positivas. Nesse sentido, é importante que o médico veterinário crie ao lado do produtor um calendário sanitário que seja seguido à risco.
Os exames ginecológicos nas fêmeas bovinas e o andrológico nos machos antes da estação de monta garantem que apenas animais saudáveis entrem no processo reprodutivo.
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Se o rebanho já foi afetado, o primeiro passo é identificar o problema, monitorar as taxas de perdas na gestação, a causa provável e quais os impactos financeiros. Dessa forma, é possível traçar a estratégia correta para cada caso. Do mesmo modo, adotar medidas para prevenir outras ocorrências.
Saber lidar com as doenças reprodutivas em bovinos é essencial para quem quer atuar na área de produção e reprodução de bovinos. Se você se interessa por essa área, confira nosso artigo sobre técnicas de produção e reprodução de bovinos.
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