A importância do exame ginecológico no manejo reprodutivo de equinos

Manejo reprodutivo de equinos

No manejo reprodutivo de equinos, o exame ginecológico cumpre um papel de extrema importância na busca por eficiência. Com essa etapa, é possível aproveitar melhor as suas características desejáveis e intensificar o melhoramento genético. 

Entretanto, sabemos que o fotoperíodo influencia diretamente no ciclo reprodutivo desses animais. O que inevitavelmente pode acarretar importantes variações. Nesse sentido, para ter um manejo reprodutivo de equinos eficiente, é preciso fazer um acompanhamento detalhado das transformações no corpo do animal. Levando em conta aspectos morfológicos dos órgãos genitais, fisiologia reprodutiva e dinâmica folicular de éguas.

Neste artigo vamos falar do que é mais importante para fazer um exame ginecológico completo e destacando a importância dessa etapa para o sucesso do manejo reprodutivo. Confira!  

Importância do manejo reprodutivo de equinos

No Brasil o número de cavalos passa de 5 milhões. Esses animais são usados, dentre outras atividades para fazer o manejo de gado bovino, esportes e lazer. Com isso, há uma crescente necessidade de aproveitar melhor o potencial genético de animais superiores e obter mais eficiência na reprodução. 

Nesse sentido, o manejo reprodutivo de equinos torna-se relevante pois com ele é possível selecionar os melhores animais. Dessa forma, garantir que produzam um maior número de descendentes, sem colocar a sua saúde em risco. Mais do que isso, o manejo reprodutivo de equinos é importante para: 

  • fazer um bom controle sanitário de doenças; 
  • aplicar biotécnicas reprodutivas
  • selecionar os melhores animais; 
  • garantir o retorno da fêmea ao estro em um tempo menor; 
  • obter mais potros em um menor período de tempo, 

Por que realizar o exame ginecológico? 

Para ter um bom manejo reprodutivo de equinos, fazer o exame ginecológico nas éguas é essencial. Confira a seguir quais os aspectos devem ser observados para ter eficiência! 

Aspectos morfológicos dos órgãos genitais

Útero

Primeiramente, o útero da égua é um músculo tubular unido à vagina e às tubas uterinas. Possui uma forma semelhante a um T ou Y e é considerado bicorno. Assim, o corpo do útero mede cerca de 18-20 cm de comprimento por 8-12 cm de diâmetro mas éguas multíparas e mais velhas tendem a ter úteros maiores. 

O útero está ligado à região lombar da égua pelo ligamento largo, que sustenta os ovários, as tubas e o útero. A cérvix é uma estrutura semelhante a um esfíncter, com dobras da mucosa e alças que se projetam caudalmente para o interior da vagina permanecendo  fechada, exceto durante o estro e o parto. 

Já a parede do útero é constituída  por três camadas: perimétrio, miométrio e endométrio. O miométrio possui fibras musculares longitudinais  que permitem a expansão considerável do útero durante a gestação e contração forte no momento do parto. Já o  endométrio está disposto em dobras longitudinais composto por glândulas epiteliais e dutos. É essa camada ainda que dá suporte para o desenvolvimento do concepto, fixação e desenvolvimento placentário. 

Durante a realização da ultrassonografia é possível observar a dinâmica placentária. Além disso, o médico veterinário pode ver a influência sofrida por cada uma das fases do ciclo estral da égua. 

Ovidutos

A égua possui duas tubas uterinas com cerca de 25-30 cm de comprimento cada. Tais estruturas são contínuas com os cornos uterinos, numa posição anatômica bem próxima ao ovário. A tuba é dividida em três partes: istmo (que forma uma papila ao penetrar no corno uterino), seguido pela ampola (local onde ocorre a fecundação) e o infundíbulo (intimamente associado ao ovário), possuindo fímbrias, que capturam o óvulo e o direciona para o seu interior. 

Ovários

cada égua possui 2 ovários que ficam localizados próximos à quarta e quinta vértebras lombares e são sustentados pelos ligamentos largos. O seu formato se assemelha a um grão de feijão. 

O tecido ovariano da égua é organizado de maneira que o córtex (onde estão presentes os folículos primordiais) fique internamente e a medular externamente servindo de tecido de sustentação.

É interessante observar que na época de inatividade reprodutiva (outono/inverno), os ovários da égua medem cerca de 2-4 cm de comprimento e 2-3 cm de largura. São também duros à palpação, devido à ausência de atividade cíclica. Já no período de atividade reprodutiva (primavera/verão), aumentam de tamanho medindo 5-8 cm x 3-4 cm e se tornam mais macios à palpação. 

A ovulação espontânea ocorre geralmente quando o folículo dominante atinge aproximadamente 40 mm de diâmetro. Embora possa ocorrer antes ou depois de atingir este diâmetro. Após a ovulação há um colapso da parede folicular que pode ser palpado como uma depressão na superfície ovariana.

Posteriormente à organização e formação do corpo lúteo pode-se visualizar a imagem ultrassonográfica como uma área de ecotextura homogênea e hiperecóica, ou seja, como um nódulo.  

Aspectos da fisiologia reprodutiva

Inegavelmente, no manejo reprodutivo de equinos é essencial levar em conta também alguns aspectos da fisiologia reprodutiva do animal. As éguas são animais poliéstricos estacionais e possui atividade reprodutiva sazonal. Apenas na época em que há maior incidência de luz solar. 

Como consequência do maior comprimento do dia, há uma diminuição da melatonina pela glândula pineal. Dessa forma, haverá também maior estímulo à secreção do GnRH, hormônio liberador de gonadotrofinas que atua na hipófise provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante).

Em seguida, o FSH irá estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos, aumentando a produção de estrogênio, culminando na manifestação do estro. Já a ovulação ocorre, em média, 24- 48 horas antes do final do estro. 

Essa falta de definição pode prejudicar o manejo reprodutivo de equinos bem como a aplicação de biotécnicas reprodutivas que envolvam a sincronização do cio, como de inseminação artificial, da transferência de embriões e até da IATF.

Identificação do ciclo estral

Com esse índice de variação do ciclo estral tão alto entre as espécies e até mesmo entre indivíduos, faz-se necessário um estudo prévio do histórico reprodutivo de cada égua já que suas características tendem a se repetir de um ciclo a outro e de uma estação a outra. 

De toda forma, o animal demonstra alguns sinais de que está no período de estro, como: 

  • Olhos brilhantes
  • Cauda levantada
  • Relincha a procura de macho
  • Maior frequência de urina
  • Movimento do clitóris
  • Vulva inchada

Assim, durante todo o ciclo estral, a ultrassonografia veterinária é essencial para a obtenção de bons resultados. Tanto no período pré-cobertura quanto no pós. 

Após a leitura desse artigo você certamente percebeu que o exame ginecológico é essencial para ter um manejo reprodutivo de equinos eficiente, não é mesmo? 

Para conseguir realizar essa avaliação com eficiência é preciso amplo conhecimento na anatomia animal. Se você não quer mais perder tempo e aprender mais sobre ultrassonografia em equinos, baixe nosso Guia digital: Ultrassonografia em equinos – da Clínica à Reprodução.

Revista Científica de Medicina Veterinária

Equinos

Atualizado em: 5 de julho de 2022