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Ciclo estral em éguas: por que a ultrassonografia doppler é um diferencial?

Uma das principais maneiras de obter a eficiência na reprodução animal é monitorar o ciclo estral em éguas. Afinal, encontrar o período exato em que o seu organismo está mais receptivo à monta e apresentando condições ideais para a inseminação é essencial para o sucesso da concepção.

As éguas são consideradas animais poliéstricos estacionais, ou seja, podem apresentar repetidos cios em uma mesma época do ano. Que é o final da primavera e início do verão devido à maior incidência de luz.

O ciclo estral nos equinos apresenta fases distintas e é importante reconhecer o momento exato de cada uma delas para adotar as medidas necessárias de manejo. Uma das formas de fazer esse monitoramento é por meio da utilização da ultrassonografia doppler. Ela revela detalhes importantes da vascularização sanguínea na área, indicando a ovulação.

Neste artigo, confira mais informações sobre o ciclo estral em éguas, como identificá-lo e ainda de que forma o ultrassom veterinário pode te ajudar. Boa leitura!

O que é ciclo estral em éguas?

O ciclo estral em éguas é o período de que se estende de uma ovulação até a subsequente. A repetição dos ciclos, ou cios, é o que prepara o animal para receber a concepção.

Nas éguas, o período ocorre repetidas vezes, uma vez por ano, no momento em que há maior incidência solar.

Isso ocorre porque o animal necessita de mais luminosidade para apresentar o cio pois inibe a glândula pineal a produzir a melatonina, que é o hormônio responsável pela regulação dos ritmos do corpo, relógio biológico e sono.

Já o GnRH, que é o hormônio que libera a gonadotrofina atua na adeno-hipófise, provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e o FSH (hormônio estimulante do folículo), que produz o estrogênio. Dessa forma,  há um desenvolvimento máximo do folículo e consequentemente um pico de estrogênio (estimula a receptividade da égua), próximo a ovulação, levando a égua ao cio.

Nos meses de inverno essa atividade hormonal se torna bastante reduzida, conhecida como anestro sazonal. Vale lembrar que existe um período de transição entre os meses de ciclicidade e anestro, em que há atividade ovariana mas não suficiente para que haja a inseminação.

Além da luminosidade,  fatores como nutrição, temperatura e estado sanitário podem alterar os padrões de ciclo estral.

Quais são as fases do ciclo estral?

O ciclo reprodutivo da fêmea equina se divide em, basicamente, 3 etapas. Confira cada uma delas a seguir!

Estro

O estro é o período de maior receptibilidade sexual da fêmea ao macho. Nesse momento o trato genital da égua se prepara para receber espermatozoides e inicia a ovulação. Os folículos dominantes se desenvolvem para produzir o estrogênio, que induzem a aceitação da cópula. O estro dura em média 7 dias, podendo variar entre 2 e 12 dias.

Diestro

O diestro ocorre logo após o estro e é o período durante o qual a égua não aceita o garanhão. Depois da ovulação e do desenvolvimento do folículo, o seu trato genital se prepara para receber e gestar o embrião. Para isso, secreta progesterona, que induz a rejeição do macho. Esse período dura 14 a 15 dias.

Puberdade

A puberdade é a fase da vida reprodutiva marcada pelo início da atividade sexual. A égua alcança a puberdade entre 1 e 2 anos. No entanto, o seu corpo ainda não está preparado para a concepção, por isso, recomenda-se a monta a partir de 2 anos.

Como identificar o momento certo para a inseminação?

A identificação correta do ciclo estral em éguas é um pouco mais complicada pois, diferente do que ocorre na vaca, ele não é tão definido. Entretanto, a maioria das ovulações ocorre entre 24 e 48 hora antes do final do estro.

Essa falta de definição pode prejudicar a aplicação de biotécnicas reprodutivas que envolvam a sincronização do cio, como de inseminação artificial, da transferência de embriões e até da IATF.

Com esse índice de variação do ciclo estral tão alto entre as espécies e até mesmo entre indivíduos, faz-se necessário um estudo prévio do histórico reprodutivo de cada égua já que suas características tendem a se repetir de um ciclo a outro e de uma estação a outra.

De toda forma, o animal demonstra alguns sinais de que está no período de estro, como:

  • Olhos brilhantes
  • Cauda levantada
  • Relincha a procura de macho
  • Maior frequência de urina
  • Movimento do clitóris
  • Vulva inchada

De que forma a ultrassonografia doppler pode ajudar?

Durante todo o ciclo estral, a ultrassonografia veterinária é essencial para a obtenção de bons resultados. Tanto no período pré-cobertura quanto no pós.

Pré cobertura ou inseminação

O exame no modo B, modo tradicional em preto e branco, é possível obter as características morfoecogênitas do trato reprodutivo.

Entretanto, a ultrassonografia veterinária com doppler oferece novas possibilidades de avaliação ainda mais completas. Com esse recurso, o médico veterinário pode avaliar as mudanças em toda a hemodinâmica uterina e ovariana durante todo o ciclo estral.

Dessa forma, ao observar a vascularização na região, bem como o desenvolvimento de folículos ovulatórios, é possível determinar com precisão o melhor momento para prosseguir com a inseminação. Seja natural ou artificial.

Pós cobertura ou inseminação

Do mesmo modo, no período após a inseminação, a ultrassonografia doppler irá auxiliar a identificar a gestação de forma precoce. Isso por que, nos primeiros dias após a cobertura ou inseminação, o útero da fêmea se torna mais vascularizado devido ao transporte espermático e a preparação do corpo para para gestar o embrião. Dessa forma, é possível identificar a formação da vesícula embrionária a partir de 9 dias após a fecundação.

Além disso, a ultrassonografia doppler também irá auxiliar na identificação de inflamações, perdas embrionárias e no acompanhamento gestacional. Assim, garante maior eficiência reprodutiva.

De maneira resumida, podemos compreender que, monitorar o ciclo estral em éguas bem de perto é essencial para quem deseja obter melhores resultados no manejo reprodutivo. E, poder contar com a ultrassonografia doppler irá garantir mais acurácia nos diagnósticos assim como eficiência para tomar as melhores decisões.

Quer saber mais sobre a área de reprodução equina? Confira nosso artigo com as principais técnicas de reprodução que você precisa conhecer! 

Fonte: Revista Brasileira de Reprodução Animal e Escola do Cavalo

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