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Freemartinismo em bovinos: entenda como lidar com gestações gemelares.

O freemartinismo em bovinos é uma doença que ocorre em decorrência da gestação gemelar. Entretanto, a condição apenas se desenvolve quando os fetos são um macho e uma fêmea. Em geral, a gestação gemelar em bovinos já é um caso que exige atenção especial pois o animal demanda uma alimentação ainda mais balanceada e manejo específico. Além disso, o parto de bezerros gêmeos pode levar à algumas complicações, colocando a saúde da vaca em risco.

Entretanto, apesar de todas as complicações de uma gestação de gêmeos no rebanho bovino, a pior delas é o freemartinismo, já que os animais nascem estéreis

Para saber mais sobre gestação gemelar, freemartinismo e como lidar com o problema, continue a leitura desse artigo!

Entenda a gestação gemelar e seus riscos

freemartinismo em bovinos

A gestação gemelar em vacas é uma condição que pode acontecer de duas formas, basicamente. A primeira delas é quando um embrião se divide em dois, originando gêmeos idênticos. Já a forma mais comum é que haja uma ovulação múltipla devido a desequilíbrios hormonais ou estimulação dos folículos devido a aplicação de biotécnicas. Nesse caso, a gestação pode resultar tanto em dois bezerros do mesmo sexo, quanto de sexos opostos.

Apesar de ter uma relativa baixa ocorrência, cerca de 0,5 ou 1 um caso a cada 200 gestações, é preciso ficar atento. Afinal, os riscos da gestação gemelar estão relacionados à vida da vaca. Até mesmo aquelas de alto padrão zootécnico.

A prenhez de gêmeos pode comprometer seriamente o ciclo reprodutivo, principalmente em rebanhos de leite. Alguns dos principais problemas relacionados à gestação dupla são a metrite, cetose, retenção de placenta, deslocamento de abomaso e aumento na taxa de descarte involuntário.

Por isso, identificar o mais rápido possível a ocorrência de gestação gemelar é essencial para adotar algumas práticas de manejo. Com isso, minimizar os prejuízos.

Algumas dessas medidas são:

  • melhorar a oferta de nutrientes dos animais, principalmente no terceiro trimestre da gestação;
  • adiantar a secagem da vaca para aumentar o seu tempo de descanso;
  • adiantar a oferta da dieta de transição ( entre o parto e lactação)
  • observar de perto os vacas prenhes de gêmeos para dar assistência na ocasião do parto
  • em muitos casos pode ser indicado o aborto de um dos fetos para garantir a saúde e o desenvolvimento do outro, principalmente quando são de sexos opostos. ;

O que é freemartinismo em bovinos

O freemartinismo em bovinos é um problema comum em casos de gestação gemelar. A condição é uma forma característica de intersexualidade resultante da gestação de fetos de sexos opostos. Isso faz com que a fêmea apresente características masculinizadas e seja estéril. Nos machos, a ocorrência de esterilidade é bem menor mas pode comprometer a reprodução.

Isso acontece pois no interior do útero bovino ocorrem anastomoses vasculares. Que são a união da circulação de um feto com a do outro feto. Dessa forma, há um intercâmbio de substâncias, como hormônios, entre eles.

Nesse contexto, quando há a gestação de um feto macho e um feto do sexo feminino, as gônadas masculinas se desenvolvem com mais rapidez. Assim, iniciam a produção de dihidrotestosterona, hormônio responsável pelo desenvolvimento da genitália externa.

Com isso, devido as anastomoses, há uma má formação do sistema reprodutivo da fêmea. Que passa a apresentar características como:

  • pescoço e espáduas musculosos;
  • pouco desenvolvimento do sistema mamário;
  • clitóris avantajado;
  • vagina em tamanho reduzido;
  • ovários pouco desenvolvidos ou ausentes;
  • hipoplasia dos cornos uterinos.

Devido ao seu porte maior, a fêmea freemartin é visualmente um dos melhores animais de um rebanho. No entanto, devido ao grau de má-formação, não deve ser usada para fins reprodutivos ou em criação de rebanhos leiteiros. Se for uma criação para corte, pode apresentar melhor rendimento de carcaça que outras fêmeas.

Portanto, o freemartinismo em bovinos é um problema reprodutivo que pode causar prejuízos à produção e que por isso deve ser diagnosticado o quanto antes.

Diagnóstico e manejo da condição

Identificar de forma rápida a ocorrência de freemartinismo em bovinos é essencial para a tomada de decisão em relação à gestação e o manejo da vaca prenhe. Por isso, listamos as principais formas de diagnóstico da condição a seguir!

Ultrassonografia e sexagem fetal

A ultrassonografia em modo B (bidimensional)com auxílio do transdutor retal permite identificar de forma precoce a gestação gemelar. Já a ultrassonografia com o método doppler permite diagnosticar a presença de 1 ou mais fetos a partir de 19 dias após a fecundação.

Caso o produtor deseje prosseguir com a gestação, deve-se realizar a sexagem fetal a partir dos 50 dias de gestação. Se os fetos forem de sexos diferentes, é preciso tomar a decisão de manter ambas as gestações ou interromper uma delas. Se for um rebanho de leite, o recomendado é manter a fêmea. Se for corte, o macho tem melhor serventia para o rebanho.

Exame clínico

A ocorrência de freemartinismo em bovinos pode ser identificada por meio de um exame clínico dos órgãos dos animais com suspeita da condição. Esse exame é importante mesmo quando aparentemente não apresenta alterações visíveis em sua estrutura.

O exame físico dos recém-nascidos e animais jovens, nos quais não há possibilidade de realizar a palpação retal, faz-se mediante a introdução de um tubo de ensaio (150×10 mm) no vestíbulo vaginal. A vagina de uma bezerra sadia, permite uma penetração com uma variação de 12 a 14 cm, já a freemartin, consegue-se introduzir apenas 4 a 5 cm do tubo. Na inspeção por vaginoscopia nos animais intersexuados, evidencia-se o fundo cego cranial da vagina e a ausência do óstio vaginal do cérvix.

Na palpação em freemartin adulto, permite-se a detecção de gônada indiferenciada e de tamanho reduzido, a ausência das trompas uterinas, agenesia ou hipoplasia do corpo e cornos uterinos, percepção de segmentos tubulares.

Vale destacar também que o animal adulto apresenta um histórico de falha reprodutiva, com ausência de comportamento estral ou falha na concepção na presença do macho.

Prova de tolerância a homo-enxerto

Em casos em que ocorre a anastomose vascular entre gêmeos de sexos diferentes, eles podem trocar células sanguíneas. Processo chamado de quimerismo hematopoiético. Com isso, na ocasião do parto é possível verificar se os animais são tolerantes ao transplante de pele entre os animais. Esse exame é chamado de prova de tolerância homo-enxerto.

Devido a elevada chance de complicações na gestação gemelar e principalmente em casos de freemartinismo em bovinos, é importante fazer o acompanhamento gestacional da fêmea bovina, conhecendo bem a sua anatomia. Além disso, fazer bom uso do ultrassom veterinário para o diagnóstico gestacional precoce e a sexagem fetal é essencial para a tomada de decisão.

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Fonte: REVISTA PORTUGUESA CIÊNCIAS VETERINÁRIAS e Rural Pecuária

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